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COMUNICAÇÃO

Presente desde os anos 50, televisão brasileira completa 70 anos

A televisão começou a fazer parte da vida dos brasileiros em setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi de São Paulo. Desde então, veículo vem evoluindo e se adaptando as novas realidades

Imagem ilustrativa da notícia Presente desde os anos 50, televisão brasileira completa 70 anos camera Renata Ferreira | Irene Almeida

Com horário marcado, as famílias que tinham o privilégio de dispor de um aparelho de televisão sentavam-se à frente do eletrodoméstico para aguardar o início da programação que durava algumas horas antes de ser encerrada para voltar no dia seguinte. O cenário está ligado ao período em que a televisão começou a fazer parte da vida dos brasileiros. Revolucionando as formas de comunicação e comportamento à época, a TV completa, neste ano, 70 anos de presença no Brasil.

Até a década de 1950, a possibilidade de presenciar, dentro de casa, a transmissão de áudio e vídeo de acontecimentos ocorridos a quilômetros de distância não passava de imaginação. A realidade foi possível a partir de 18 de setembro de 1950, quando o jornalista e empresário Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, inaugurou a TV Tupi de São Paulo, a primeira emissora de televisão do país.

Ainda sem a existência do videotape – fita magnética usada para gravação de áudio e vídeo -, a TV dos anos 1950 era marcada pela programação ao vivo. Professora do curso de Comunicação Social da Unama, a jornalista Renata Ferreira aponta que quando a TV chega ao Brasil não se sabia fazer televisão no país. “O Chateaubriand, inclusive, trouxe alguns técnicos de fora, dos Estados Unidos, porque as pessoas não tinham essa expertise de fazer TV aqui”, explica. “A programação, inicialmente, era como um rádio na TV. Os programas de auditório que faziam muito sucesso no rádio foram para a TV, o telejornalismo já começa, mas ainda muito parecido com o jornal de rádio”.

A consolidação da TV no país se dá a partir da década de 60, período em que também chega o videotape. Com a possibilidade de gravar os programas que iam ao ar, a própria configuração da TV se modifica, já que a organização dos programas se torna mais viável. Se antes a programação de entretenimento envolvia o chamado teleteatro, com o videotape a TV viu a oportunidade de criar um gênero que, hoje, faz a TV brasileira ser reconhecida internacionalmente, as novelas. “Essa fase de 60 é importante porque a TV começa a se consolidar. Com isso as emissoras começaram a se especializar, algumas em teledramaturgia”, aponta Renata. “TV fez muito sucesso no Brasil e faz até hoje, ainda é um veículo estratégico”.

A professora destaca que os anos 60 tiveram outros marcos importantes, como o investimento da publicidade em televisão e o primeiro telejornal em rede. “É uma fase importantíssima porque se tem, inclusive, programas com o nome do anunciante, como era o caso do Repórter Esso, telejornal que ficou mais tempo no ar nesse início da TV. A publicidade vê, ali, que é o grande momento também para investir”, explica. “Em 1969 também teve a primeira transmissão do Jornal Nacional, que foi o primeiro programa em rede no Brasil inteiro, graças à Embratel e o apoio do governo militar que houve na época. Foi uma mudança muito grande na história da TV e o telejornalismo sempre acompanhou a TV desde o início. Vários telejornais marcaram a história da TV”.

Gravação TV Tupi
📷 Gravação TV Tupi |Portal Memória Brasileira

EVOLUÇÕES

As evoluções e desafios foram acompanhando cada época, como o enfrentamento da censura e a chegada da TV em cores nos anos 70, a perda da concessão da TV Tupi na década de 80, o acirramento da disputa pela audiência entre as emissoras nos anos 90 e a chegada da chamada TV da convergência a partir dos anos 2000. “Quando a TV Tupi perde a concessão, cheia de dívidas, a concessão que era dela é dividida entre o Silvio Santos e a TV Manchete. A TV Manchete, que aqui em Belém, quem transmitia a programação era a RBA”, lembra Renata. “Foi quando eu comecei a trabalhar lá, inclusive. A RBA estreou com três telejornais, um pela manhã, um no horário do almoço e um à noite, às 19h, que eu apresentava junto com o Cacá Raymundo. Foi um investimento altíssimo da RBA e ela trazia a programação da TV Manchete que foi um sucesso”.

Daquela época até hoje, a professora diz que o fazer da TV mudou completamente, tanto pelos equipamentos, quanto pela praticidade proporcionada pelos mesmos. Se antes as equipes de reportagem em TV saíam às ruas com repórter, cinegrafista, auxiliar, técnico de iluminação, hoje a equipe é cada vez mais formada pelo repórter e o cinegrafista.

Em um futuro próximo, a professora destaca que essa configuração pode se modificar. “Já vemos iniciativas em que o repórter, pelo celular, já consegue fazer tudo. Então se exige muito mais dos profissionais e consequentemente os futuros profissionais exigem muito mais da academia”, considera. “A partir dos anos 2000 a TV viu que ela tinha que, de alguma forma, trazer a internet para dentro da programação. Hoje o profissional tem que fazer um texto para TV, mas que seja adaptável também para um portal”.

Chegada da TV em Belém

A carreata que se seguiu pela avenida Serzedelo Corrêa era o anúncio da chegada de um veículo que iria revolucionar a comunicação em Belém. Cerca de dez anos após a chegada do televisor no Brasil, o veículo inovador fez-se presente também no Pará.

A cena do anúncio feito por uma loja de eletrodomésticos à época para marcar o início das vendas dos televisores em Belém ocupa as memórias do roteirista e diretor de cinema e vídeo, mestre em comunicação social e diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Pará, Januário Guedes, 80. “Tinha horário para começar a programação, não tinha programação o dia todo e as imagens ainda eram em preto e branco”, recorda. “O que tinha muito em Belém, nessa época, eram os famosos televizinhos. Aquela situação em que as pessoas que tinham televisão reuniam os vizinhos para assistir. Alguns até colocavam a televisão na janela para os outros poderem ver”.

Januário Guedes
📷 Januário Guedes |Irene Almeida

Já na década de 70, Januário lembra que até mesmo a forma de assistir à Copa do Mundo era diferente de hoje. “A Copa do Mundo de 70 lembro que a gente ouvia no rádio e esperava as películas chegarem para serem exibidas no cinema. Chegavam em videotapes imensos”, conta. “Nessa época já tínhamos a TV, mas dependíamos da chegada dos videotapes, não tinha transmissão direta”.

O início das transmissões da TV em videotapes também foi conhecido pelo roteirista e diretor de dentro do processo. À época, Januário atuava com a produção de propagandas para televisão. “Na época nós utilizávamos filmes de 16 milímetros. Gravávamos o comercial e depois íamos para a televisão para fazer a transformação do negativo para o positivo e para editar”, conta. “Com a televisão, toda a comunicação mudou muito. As próprias lives, em que as pessoas transmitem para todo o mundo através da internet, é uma mudança radical porque antes só quem fazia esse tipo de emissão era a TV”.

Televisão adaptada aos novos tempos

No Pará, o início de todas essas transformações foi possibilitado a partir do surgimento da TV Marajoara, a primeira emissora a atuar na capital Belém. Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), a jornalista Vânia Torres explica que a chegada da televisão no Estado ocorre praticamente uma década após a chegada em São Paulo, já que a TV Marajoara inaugura em 1961, no antigo canal 2.

Assim como ocorreu no caso da TV Tupi, a primeira do Brasil, a TV Marajoara também era de propriedade do grupo do Assis Chateaubriand, o Diários Associados. “Imagine em 1961 uma televisão ainda em preto e branco e toda feita ao vivo. Tem muita história interessante sobre a TV no Pará, muito a ser escrito, mas ainda pouca bibliografia”, destaca. “Assim como em São Paulo, a TV agregou muita gente do teatro em Belém, poetas, atores, escritores. Era uma época muito rica, de muita produção local”.

Vânia Torres, Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA).
📷 Vânia Torres, Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA). |Divulgação

Durante alguns anos, a TV Marajoara atuou sozinha no Estado, já que a segunda emissora a chegar a Belém, a TV Guajará, surge em 1967, a partir de um convênio com a Globo. Como ainda não existia a televisão em rede, a professora destaca que a programação local, ao vivo, tinha a missão de sustentar as emissoras. Para isso, faziam-se produções interessantes e que envolviam teatro, dança, música, shows.

Vânia aponta que apenas no final da década de 60, com o surgimento dos satélites da Embratel, é que a programação começa a ser unificada no território nacional e, com isso, se inicia o enfraquecimento da programação local nas televisões. “Essa televisão, que hoje é em rede, deixa pouquíssimo espaço para as produções locais. A exceção é a TV Cultura do Pará, que surge com a Funtelpa, com caráter de emissora pública, em 1987”, contextualiza. “A Cultura vai retomar esse olhar do início da televisão, voltado para as programações locais”.

No que se refere ao jornalismo televisivo, a professora destaca que a primeira grande mudança se dá com a chegada do videotape e, com ele, a possibilidade de montar, editar. “A televisão, na sua etimologia, é ver de longe, trazer o longe para perto. Então, esse telejornalismo vai adquirindo essa capacidade de poder trazer esse longe e o jornalista poder ser essa testemunha que vai poder levar para a casa das pessoas aquilo que elas precisam ver”, considera Vânia.

Se nas décadas de 60 e 70 os equipamentos necessários para levar tais imagens aos televisores eram pesadíssimos, a partir da década de 80 eles vão se tornando mais leves. Nos anos 2000, a grande virada é a maior facilidade para as transmissões ao vivo que passam a ser possíveis através de equipamentos como uma pequena câmera. Ainda hoje, mesmo com a grande presença da internet e dos streamings, a professora reforça que a TV segue se adaptando.

“Ainda hoje, mais de 90% da população brasileira assiste TV, embora a internet esteja crescendo”, observa. “E hoje a TV está se fortalecendo, buscando outras formas, está indo para as plataformas streaming, transformando as suas novelas em séries porque a gente não abre mão de uma tela grande. Mesmo o que é produzido na internet a gente acaba canalizando para a televisão, então ela está sendo repensada para se adaptar aos novos tempos”.

Entre as atividades preferidas

As mudanças ocorridas nas formas de oferta da programação pela televisão possibilitam que o jornalista Victor Lopes, 29, possa se organizar com antecedência para não perder os programas preferidos. Ele conta que a relação de proximidade com a TV iniciou na infância e ainda hoje faz parte da sua rotina. “Gosto muito de acompanhar a programação, seja linear ou por streaming. Já acordo sintonizando no jornal e assisto séries à noite”.

Entre os programas preferidos, novelas e séries são os que saem na frente. Ele também costuma acompanhar os sites especializados nesse tipo de produção. “Sempre gostei e ficção televisiva, desde criança. Sempre fiquei vidrado nesse tipo de programa. Adoro me envolver na trama, torcer e odiar personagens”, sorri. “Lembro bem que o meu contato com a televisão vem desde a primeira infância. Acompanhava a programação infantil da TV Cultura quando chegava da escola e parava só para fazer o dever de casa. Também assistia alguma coisa com os meus pais”.

Victor Lopes
📷 Victor Lopes |Divulgação

Para que não perca um capítulo das novelas ou séries que acompanha, Victor conta que se programa com antecedência. As mudanças tecnológicas e de formato também garantem uma boa ajuda. “No meu caso, a rotina é bem intensa. Então, consigo assistir na programação linear poucas coisas, geralmente novela ou alguma série na TV aberta”, conta. “No caso da TV fechada, recorro ao streaming. Ainda tem os serviços de assinatura, né? Assistir televisão é uma das minhas atividades de lazer preferidas”.

Linha do tempo

18 de setembro de 1950: Surgimento da PRF-TV Tupi-Difusora, canal 3 de São Paulo, a primeira do Brasil. A iniciativa partiu do empresário Assis Chateaubriand, presidente dos Diários Associados.

19 de setembro de 1950: Um dia após a inauguração da PRF-TV Tupi-Difusora, é transmitido o primeiro telejornal brasileiro, o “Imagens do Dia”.

20 de janeiro de 1951: É inaugurada a segunda emissora do país, PRG-3 TV Tupi do Rio de Janeiro.

30 de setembro de 1961: É inaugurada a primeira emissora do Pará, a TV Marajoara, canal 2 de Belém, de propriedade de Assis Chateaubriand e os seus Diários Associados.

04 de dezembro de 1962: Ocorre o lançamento oficial do controle remoto no Brasil.

22 de julho de 1963: Data de início da primeira novela diária do país, transmitida pela TV Excelsior de São Paulo.

16 de setembro de 1965: Surge a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel).

28 de fevereiro de 1969 – A TV brasileira entra na era das comunicações via satélite.

20 de julho de 1969: As emissoras de TV transmitem a chegada do homem à lua.

1 de setembro de 1969: Lançamento do primeiro jornal transmitido em rede para todo o país, o Jornal Nacional.

31 de março de 1972: É inaugurada a TV em cores no Brasil.

24 de janeiro de 1973: Estreia a primeira novela em cores do Brasil, “O Bem Amado”.

18 de julho de 1980: A TV Tupi chega ao fim.

03 de setembro de 1980: Ocorre o final da censura oficial ao telejornalismo.

27 de março de 1989: É lançado o primeiro canal de TV por assinatura.

2 de dezembro de 2007: É inaugurada a TV Brasil, pertencente à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), do Governo Federal.

2 de dezembro de 2007: Inaugurada a TV digital no Brasil.

29 de março de 2017: Após 66 anos, a TV analógica digital é desligada, iniciando por São Paulo

RBATV: caminho da convergência sendo trilhado

O novo caminho traçado pelo jornalismo feito na televisão já vem sendo trilhado pela RBATV. Com a convergência da televisão com a internet, o telespectador passou a ser um agente mais presente e os próprios formatos do fazer televisivo foram impactados.

O gerente de jornalismo da RBATV, Álvaro Borges, destaca que a chegada das novas mídias proporcionou um impacto grande na forma de se fazer televisão. “Nesses 23 anos que estou na televisão, eu vejo que a gente começou de um jeito muito ‘normal’ de fazer televisão, de um jeito que já era feito, mesmo com toda a criatividade, com a chegada do departamento de arte para melhorar”, avalia. “Quando chegaram as novas mídias, e aí eu falo da internet, o jeito de fazer televisão sofreu um impacto muito grande porque o telespectador passou a ser um agente totalmente presente no jeito de fazer televisão”.

Álvaro Borges, gerente de jornalismo da RBATV.
📷 Álvaro Borges, gerente de jornalismo da RBATV. |Irene Almeida

Álvaro destaca que, hoje, qualquer pessoa com um celular pode registrar fatos, por fotos ou vídeos, cenário que ele avalia como positivo, na medida em que proporciona uma abrangência maior. “Hoje os grandes meios de comunicação, como é o caso do Grupo RBA, perceberam que a convergência entre os meios – jornal, portais, rádio e TV - é fundamental para que a gente fique mais próximo do leitor, do telespectador, do ouvinte, e para que a gente consiga apresentar um projeto mais consistente para esse público”, avalia.

“A RBA está nesse caminho já consolidado. Nos jornais da RBA a gente já consegue ver quadros que são desenvolvidos, por exemplo, no Diário Online. O ‘É Bom à Bessa’, que é um quadro da Esperança Bessa, que é jornalista do DIÁRIO, do DOL, e que é aproveitado na RBATV. Então você tem toda essa junção que fortalece muito o grupo”.

ACESSO BRASIL

96,4% dos domicílios tinham TV

3,6% não tinham nenhuma TV

66,9% tinham somente TV de tela fina (LED, LCD ou plasma)

23% tinham só TV de tubo

10,1% tinham TVs de tela fina e de tubo

66,6% dos domicílios no Brasil têm uma televisão de tela fina

33,4% tinham duas ou mais televisões de tela fina

PARÁ

91,9% dos domicílios tinham TV

60,6% tinham somente TV de tela fina (LED, LCD ou plasma)

33,8% tinham TV de tubo

5,7% tinham TVs de tela fina e de tubo

8,1% dos domicílios não tinham TV

76,4% dos domicílios no Pará têm uma televisão de tela fina

23,6% tinham duas ou mais televisões de tela fina

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2018.

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