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Drive-in: assistir shows de dentro do carro é a nova tendência

Foi no fim de abril que a banda de hip-hop Klovner I Kamp voltou a fazer show com toda a performance, luzes e impacto sonoro que costumava usar antes da pandemia. No entanto, estava diante de um grande estacionamento na Noruega, recebendo sons de buzina,

Imagem ilustrativa da notícia Drive-in: assistir shows de dentro do carro é a nova tendência camera O Jota Quest se apresentou para 250 carros em São Paulo. O evento foi sucesso de público, mas gerou críticas sobre o descompasso com o momento atual, com milhares de mortes | Pedro Zola/Divulgação

Foi no fim de abril que a banda de hip-hop Klovner I Kamp voltou a fazer show com toda a performance, luzes e impacto sonoro que costumava usar antes da pandemia. No entanto, estava diante de um grande estacionamento na Noruega, recebendo sons de buzina, no lugar de aplausos e gritos. Alguns dias depois, foi a vez do cantor Mads Langer, na Dinamarca, sozinho no palco com seu violão e um teclado.

Ambos os shows contaram com ingressos esgotados e logo a Live Nation, gigante do entretenimento, montou seu primeiro festival neste formato, chamado “Drive-in Live”, que está passando por quatro cidades dinamarquesas neste final de semana. A tendência também chegou à Alemanha e aos Estados Unidos, em maio, com o cantor Keith Urban.

Aos poucos, artistas brasileiros começam a realizar os primeiros shows drive-in no país. O que mais ganhou destaque foi da banda Jota Quest que, após mais de 100 dias longe dos palcos, se apresentou para 250 carros, em São Paulo. “Pela primeira vez na vida eu gostei de um buzinaço. Te lembra trânsito lotado, estresse, aqui não... foi o contrário, quando foi o primeiro, eu falei: ‘é isso aí, galera, continua’”, contou Rogério Flausino, no programa “Encontro”, apresentado por Fátima Bernardes.

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Desde então, a agenda de eventos nesse formato só tem crescido no país. Leo Chaves reuniu fãs em Florianópolis. Esta semana houve Mumuzinho e Roupa Nova, no Rio de Janeiro, e ainda transmitiram o show em formato de live no YouTube. O Allianz Parque, que já era conhecido pelos grandes shows, e que está sem futebol, criou o “Arena Sessions”, com shows e também sessões de cinema drive-in, exibindo clássicos como “Jurassic Park” e “Pulp Fiction” a R$ 160 por carro. E já estão agendados Anavitória, dia 17, e Nando Reis, dia 19; ambos com ingressos entre R$ 350 e R$ 450, taxa de compra no site entre R$ 60 e R$ 80, e mesmo assim, já esgotados.

Banheiro com hora marcada

Ainda há uma pandemia, com número de mortos acima dos 60 mil no país. Por isso, as regras estabelecidas para os eventos são uma longa lista. A venda de ingressos é somente on-line e a conferência deles através de leitores óticos. Para utilizar o banheiro é preciso enviar uma mensagem ou usar aplicativo. Em alguns casos é feito um agendamento, e um funcionário acompanha a pessoa até a porta do banheiro e de volta ao veículo.

Mesmo a compra de alimentos ocorre pelo celular e ele é entregue no carro. Os preços não deixaram de ser tão salgados quanto o habitual em grandes eventos musicais. Nos shows em São Paulo, teve sanduíche a R$ 44. Também não é permitido mais de quatro pessoas por veículo e as produtoras recomendam como ideal três, para que todos possam ter uma visão melhor do palco. Também é aferida a temperatura de todos e o uso de máscara é obrigatório mesmo dentro do carro.

A paraense Bianca Rocha, 26, conta que apesar de sentir falta de ir a shows com amigos e o namorado, não apostaria nesse tipo de evento. “Eu sempre ia para shows dos mais diversos ritmos, fazia parte da minha rotina, mas eu não iria pra esse tipo de formato. Sinceramente, qual o intuito? Porque você você ainda estaria isolado, ou diminuiria o isolamento, levando amigos. Vi os preços cobrados e não acho que compensa, vai estar distante do palco. Entendo que a indústria tem que voltar de alguma forma, mas eu não me vejo nessa situação, e acho que os meus amigos próximos também não”.

Críticas

Como ocorreu com a chegada das lives, já houve elogios, críticas e algumas polêmicas em torno dos shows drive-in, ainda que eles sejam algo tão recente no país ou ainda distante da realidade de alguns estados, como é o caso do Pará. O jornalista e escritor Xico Sá descreveu a ideia como um péssimo exemplo. “Mais de mil mortes por dia e esse espetáculo deprimente”, escreveu no Twitter sobre o show do Jota Quest. Vários seguidores apontaram o fato dos ingressos terem valor próximo ao auxílio emergencial.

A cantora Manu Gavassi desistiu de fazer show drive-in que estava agendado para a última sexta-feira. “Esse festival em formato drive-in no Allianz Parque foi marcado tempos atrás quando tínhamos a esperança das coisas melhorarem até julho. O que não foi o caso, as coisas só pioraram”, explicou, reforçando que mesmo com todas as medidas de segurança não se sentia confortável de fazer um show naquele momento.

Belém

Em Belém, mesmo que seja difícil prever o que ocorrerá nos próximos meses, já tem produtoras estudando a possibilidade de realizar eventos neste formato. “A gente participa de grupos de empresas produtoras de show e eventos e começou a figurar essa tendência. É a única forma de voltar a trabalhar eventos nesse momento. Já teve em São Paulo, Florianópolis, Goiânia, Rio Janeiro, Porto Alegre… Só que, claro, a gente está se planejando, preparando projeto, porque ainda não tem liberação das autoridades para esse tipo de evento em Belém”, aponta Darlan Ribeiro, da Link Produtora.

Um projeto como esse, claro, exige ainda mais das produtoras, que precisam pensar em questões como a demarcação das vagas para os carros, vielas de circulação dos veículos, acesso aos banheiros e atendimento ao longo do show. “Estamos vendo as experiências em outras cidades. Para executar, precisa de uma área grande, que possa cuidar dessa movimentação”, diz ele. O local cogitado por eles é o Marine Club, que chegou a receber um pré-carnaval com circulação de trio elétrico em fevereiro. “E é um lugar plano, todo mundo pode enxergar bem”, completa.

Outro detalhe no uso de tecnologias, é a liberação de um canal FM, como já ocorre nos shows do Sudeste, para que os veículos possam fechar as janelas sem perder a qualidade do som. “É disponibilizada uma frequência, que só funciona dentro de um raio específico de distância”, explica Darlan. A questão dos preços é também é uma barreira a ser driblada. Com menos ingressos disponíveis, a tendência é que seja mais difícil para produtores cobrirem todos os custos, o que pode ir parar no valor dos ingressos.

“Estamos pensando em eventos com artistas locais, até porque é um momento de crise e não tem como colocar ingresso caro. Também tem poucos voos e muitos sendo cancelados. É arriscado trazer artistas nacionais. Talvez uma noite de música eletrônica possa trazer um DJ de fora, são menos pessoas na equipe, diferente de uma banda”, especula.

A intenção é iniciar em agosto. “A gente ficou superanimado com a ideia”, avisa o produtor.

Pirataria vem a reboque da nova modinha

Em Bebedouro, interior de São Paulo, a prefeitura montou drive-in, mas não tinha os direitos para exibir os filmes.
📷 Em Bebedouro, interior de São Paulo, a prefeitura montou drive-in, mas não tinha os direitos para exibir os filmes. |Divulgação

Uma das poucas formas de entretenimento para além do sofá em tempos de distanciamento social, o formato drive-in pipocou. Mas o volume de eventos do gênero e a diversidade dos locais que os recebem evidenciam um problema. Ao contrário do que muitos podem achar, para montar um drive-in não basta estender uma tela num espaço grande o suficiente para receber carros e ligar o projetor. Há muita burocracia envolvida nisso e nem todos estão dispostos a respeitar as regras.

Diversos exibidores de São Paulo e de outras regiões do país têm denunciado drive-ins piratas, que projetam filmes sem a autorização dos detentores de seus direitos autorais. Empresários e associações do parque exibidor calculam que mais de 50 eventos tenham sido identificados, no mês passado, por anunciarem filmes que não tinham autorização para exibir. Destes, muitos acabaram se regularizando antes das sessões, enquanto outros precisaram alterar a programação. Uma parte, porém, seguiu inalterada e fora da lei.

Um dos casos mais emblemáticos dessa disputa entre exibidores de longa data, que têm promovido drive-ins regulamentados, e amadores que burlam as leis, aconteceu na cidade de Bebedouro, no interior paulista. Entre maio e junho, a prefeitura ali promoveu uma série de sessões de cinema no sambódromo da cidade. Os longas inaugurais foram “O Rei Leão” e “Vingadores: Ultimato”, ambos da Disney. O problema é que o estúdio, por enquanto, não está licenciando seus filmes para drive-ins.

Na semana seguinte, Bebedouro voltou com a programação cinematográfica, mas dessa vez deixou a escolha dos longas a critério da população, que pode votar em suas preferências. Entre os seis filmes da enquete, quatro também eram da Disney.

“Fizemos na primeira semana e foi um sucesso absoluto. A empresa contratada tem todas as licenças e autorizações e, nesta semana, vamos pedir a opinião da população para escolher os filmes”, disse o prefeito Fernando Galvão à época, em nota publicada pela assessoria de imprensa da cidade em seu site.

A empresa em questão é a Cine Cidade Produções Cinematográficas Eireli. Procurado, o proprietário dela, Rogério Nascimento, afirmou que só alugou os equipamentos para a prefeitura e alegou que o suposto caso de pirataria seria irrelevante por estarmos no meio de uma pandemia. Ele não quis dar entrevista ou mais informações sobre o caso.

Já a prefeitura diz que a empresa “ficou com toda a responsabilidade [pelos filmes], segundo contrato firmado”.

A 50 quilômetros dali, em Barretos, Marcio Eli Leão, diretor da Centerplex Cinemas e da Associação dos Exibidores Brasileiros, pagou o preço por regularizar os filmes que exibiu em seu drive-in –literal e metaforicamente. Por causa da concorrência pirata, com ingressos mais acessíveis, Leão viu seu cinema ao ar livre esvaziar. “Tomei uma ‘bucha’ em Barretos, porque ninguém aceita os filmes que exibi, querem os filmes de Bebedouro. Somos chamados de defasados, de ladrões, porque não conseguimos competir com os preços dos piratas”, diz.

Custos

Seja em sessões de cinema tradicionais ou em drive-ins, uma parte da arrecadação de ingressos costuma ir para os detentores dos direitos do filme exibido. Essa porcentagem gira em torno de 50% para títulos novos e vai caindo conforme seu envelhecimento. Além do repasse aos estúdios, existe ainda um valor que vai para o Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos), por causa da trilha sonora dos longas. Os exibidores também precisam cadastrar seus drive-ins junto à Ancine, como se fossem uma sala de cinema tradicional.

“Aqueles que já são exibidores é que deveriam estar operando os drive-ins, porque é uma continuidade, o aprimoramento de uma atividade muito específica”, diz Sherlon Adley, diretor comercial e de marketing da Cinesystem, que já realizou seis projetos do gênero pelo país e tem 11 em abertura.

Outra exibidora de longa data, mas especificamente do segmento de drive-ins, é Marta Fagundes, sócia-administradora do tradicional Cine Drive-in Brasília, inaugurado em 1973. Segundo ela, a atual moda de eventos do gênero não deve sobreviver à pandemia, justamente pelo amadorismo observado em alguns deles.

“Fiz um pedido para que a gente funcionasse [durante a pandemia] e, depois disso, começou a surgir um monte de drive-in. Mas são cinemas estabelecidos em locais provisórios, tipo itinerantes. Então não acho que essa moda vai ficar, até porque estou percebendo, e eu sabia que isso ia acontecer, que muitos organizadores não estão conseguindo liberação de filmes, porque isso é algo bem complexo”, explica.

A Ancine encoraja que denúncias de violação de direitos autorais sejam feitas pelo email de combate à pirataria já disponibilizado antes da pandemia e afirma que “atua de forma coordenada com os órgãos de repressão à violação de direito autoral”.

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