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CORONAVÍRUS

Ameaça de colapso fez Europa abandonar estratégia proposta por Bolsonaro no Brasil 

O isolamento apenas de idosos e pessoas com doenças prévias, chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de "isolamento vertical", foi tentado em países europeus como Reino Unido e Holanda, e abandonado quando o crescimento rápido do número de doentes passou a

Imagem ilustrativa da notícia Ameaça de colapso fez Europa abandonar estratégia proposta por Bolsonaro no Brasil  camera Reprodução

O isolamento apenas de idosos e pessoas com doenças prévias, chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de "isolamento vertical", foi tentado em países europeus como Reino Unido e Holanda, e abandonado quando o crescimento rápido do número de doentes passou a ameaçar de colapso o sistema de saúde.

Na manhã desta quarta (25), Bolsonaro manteve o tom de seu pronunciamento da noite anterior, contrário a restrições mais drásticas como às adotadas na Ásia e na Europa, que incluem fechar escolas e lojas.

O presidente criticou governadores, principalmente os de São Paulo, João Doria (PSDB), e Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por adotar um "isolamento horizontal", que abarca toda a população. "O mal que teremos com o isolamento horizontal será muito maior do que o mal que teremos com o vírus", afirmou, em referência ao prejuízo provocado pela paralisação mais ampla.

A preocupação com o impacto econômico de uma quarentena também atrasou a decisão de governantes europeus, mas a maioria deles apressou a adoção de restrições mais duras depois que ficou evidente a gravidade da situação na Itália, que decretou confinamento no país todo em 10 de março.

O presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que defendiam escolas abertas no começo deste mês, mudaram rapidamente de discurso. Macron é hoje um dos mais vocais defensores da quarentena, com limites até mesmo da distância que cada francês pode percorrer, e Costa implantou o confinamento e fechou escolas antes que ocorresse a primeira morte no país, em 16 de março.

Entre os líderes que mais resistiram até adotar medidas duras, o caso mais simbólico é o do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. No dia 10, os britânicos começaram a esvaziar as prateleiras dos supermercados, mas a única medida anunciada pelo governo foi criar uma comissão para combater notícias falsas.

Na sexta-feira (13), 31 países da Europa já haviam suspendido as aulas; Boris, porém, anunciou aos britânicos que não havia justificativa para isso.

O "isolamento vertical", com a recomendação de que maiores de 70 anos ficassem em casa por quatro meses, veio três dias depois, mas acompanhada da proibição de eventos públicos e da orientação para que os britânicos trabalhassem de casa sempre que possível.

A essa altura, Boris Johnson já percebia que sua estratégia de apelar para o bom-senso e defender a liberdade individual poderia levar a um desastre de saúde pública e começou a preparar a legislação que permitiria ao governo obrigar os cidadãos a respeitarem as proibições. No dia seguinte (17), um estudo que previa até 250 mil mortes se o Reino Unido não apertasse as restrições fez o primeiro-ministro determinar redução nas viagens e reforçar a recomendação para que as pessoas não saíssem às ruas.

Como só recomendar não deu resultado, na sexta (20) ele fechou pubs, restaurantes, clubes e casas noturnas, na segunda (23), as escolas amanheceram sem aulas, e estudos previram que as UTIs britânicas estariam esgotadas no final deste mês. À noite Boris decretou quarentena, 53 dias depois do aparecimento do primeiro caso de coronavírus no país.

Décimo país com maior número de casos no mundo (8.227 nesta quarta, 25), sétimo em número de mortos (733) e 23º em doentes graves (20), o Reino Unido proibiu reuniões de mais de duas pessoas e deu poder à polícia para desfazer grupos e multar quem desobedecer às regras de isolamento.

Cientistas ainda debatem se o confinamento chegou tarde demais. Nesta quarta (25), o Neil Ferguson, cientista do Imperial College que previu as 250 mil mortes se não houvesse mudanças nas políticas, estimou que a quarentena deve deixar a capacidade de atendimento "muito perto" de ser esgotada.

Boris deixou a berlinda, mas líderes europeus ainda sofrem críticas por manter alguma liberdade de circulação em seus países.

A Suécia segue uma trajetória parecida com a britânica. Fechou universidades e ensino secundário, proibiu reuniões de mais de 500 pessoas, pediu às pessoas que evitassem viagens e aos idosos que ficassem em casa.

Ao contrário de seus vizinhos escandinavos, manteve bares, restaurantes e lojas abertas e não proibiu as pessoas de irem às ruas.

Na segunda, o primeiro-ministro, Stefan Lofven, pediu aos suecos que ajam de forma responsável para evitar uma crise - o mesmo discurso de Boris Johnson antes de se render à quarentena. Cientistas reagiram acusando o governo de "brincar de roleta-russa com a população".

A Holanda também adotou restrições graduais e levou mais tempo para suspender aulas e fechar lojas, o que irritou os vizinhos belgas. A Bélgica chegou a implantar controles na fronteiras, por considerar que os holandeses não estavam contendo de forma eficaz o contágio por coronavírus.

Na cidade de Knokke-Heist, na divisa entre os países, o prefeito implantou quarentena e chamou o governo holandês de "incompetente e ridículo".

A resistência a apertar as regras aconteceu até mesmo na Itália, país mais afetado pelo coronavírus no mundo. No final de fevereiro, dias depois de 11 cidades decretarem quarentena após 17 mortos no norte do país, o líder do Partido Democrático, Nicola Zingaretti, foi a Milão tomar drinques com um grupo de estudantes e escreveu em sua rede social: "Não devemos mudar nossos hábitos. Nossa economia é mais forte que o medo. Vamos sair para beber, tomar um café ou comer uma pizza".

A Itália tem quase 70 mil casos confirmados, 6.820 mortos e 3.393 doentes em estado grave.

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