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Nova cepa do coronavírus com 18 mutações preocupa estudiosos

O achado consiste em duas amostras isoladas de pacientes em regiões geograficamente distantes e sem parentesco entre si, o que é um indicativo para a presença e a circulação dessa possível nova linhagem.

Imagem ilustrativa da notícia Nova cepa do coronavírus com 18 mutações preocupa estudiosos camera A nova forma encontrada em BH contém 18 mutações distintas. | Divulgação/Freepik

Pesquisadores encontraram uma possível nova variante do coronavírus Sars-CoV-2 na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com mutações até então inéditas.

O achado consiste em duas amostras isoladas de pacientes em regiões geograficamente distantes e sem parentesco entre si, o que é um indicativo para a presença e a circulação dessa possível nova linhagem.

A descoberta desta possível variante “P.4”, como os cientistas a batizaram (embora ela ainda não tenha um nome oficial), foi feita pelo Laboratório de Biologia Integrativa da Universidade Federal de Minas Gerais, pelo Laboratório Municipal de Referência de BH, pela rede Corona-ômica, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e tem colaboração do Grupo Hermes Pardini.

Para ser caracterizada como uma nova linhagem ou variante, é preciso que a forma isolada em laboratório apresente uma ou mais mutações que distingam a nova cepa da forma ancestral do vírus e seja identificada em pelo menos cinco genomas (nome dado à sequência genética do vírus, ou o seu RNA) diferentes.

A nova forma encontrada em BH contém 18 mutações distintas, duas delas na região da proteína S do Spike (ou espícula, usada pelo vírus para invadir as células), mas ela foi identificada em apenas dois genomas, o que não a torna, até o momento, uma nova linhagem.

No entanto, sua caracterização até o momento, com duas mudanças em regiões que sofreram mutações no passado e originaram novas linhagens do vírus, como a inglesa (B.1.1.7) e a sul-africana (B.1.351), acenderam um alerta para os pesquisadores, que afirmam que é importante continuar o monitoramento desta nova cepa.

“Esses dois genomas, apesar de apresentarem mutações em comum com as variantes já circulantes em Belo Horizonte, têm também novas mutações ocorrendo nas mesmas regiões do vírus”, explica Renato Santana, professor da UFMG e principal autor da pesquisa.

No estudo, foram sequenciadas 85 amostras aleatórias do vírus da região metropolitana de Belo Horizonte, coletadas entre outubro de 2020 e 15 de março de 2021. A análise dos genomas revelou a predominância na região da variante brasileira P.2 (48,2%), seguida pela também brasileira P.1 (35,3%), a linhagem ancestral brasileira B.1.1.28 (9,4%) e a B.1.1.7, a variante inglesa (3,53%). Outras sequências de menor relevância também foram identificadas em amostras isoladas.

As duas amostras com as mutações até então desconhecidas foram coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro. Agora, os cientistas querem voltar às duas regiões onde as amostras foram encontradas para fazer novas coletas e monitorar se outras pessoas já apresentam a mesma forma do vírus.

Embora a frequência desse genoma ainda seja baixa na região —cerca de 2%—, é importante destacar como as mutações ocorridas até então nas novas variantes que surgiram no Brasil e no mundo trouxeram vantagens adaptativas ao vírus, como maior transmissibilidade e a capacidade de bloquear a ação de anticorpos produzidos contra as formas ancestrais do Sars-CoV-2.

O Brasil é hoje um dos países com o maior descontrole da pandemia e, consequentemente, com o melhor cenário para o surgimento de novas variantes, uma vez que, quanto maior a circulação do vírus, mais mutações aleatórias podem acontecer a cada vez que ele invade e replica seu material genético nas células.

Quando essas mutações aleatórias surgem, algumas delas podem desaparecer naturalmente, mas aquelas que trazem algum benefício, como maior transmissibilidade, podem prevalecer.

Para Santana, o alto custo e tempo gasto para fazer o sequenciamento genético das variantes em circulação dificultam a identificação das novas formas do vírus na mesma velocidade em que estão surgindo, por isso é necessário usar outras ferramentas para auxiliar a pesquisa por novas variantes.

“Quando já temos o conhecimento de quais linhagens existem em uma determinada região, podemos fazer a análise de um grande número de amostras com PCR, e não sequenciamento, dando um panorama em maior quantidade das formas ali presentes”, diz.

O projeto de monitoramento do Hermes Pardini de novas formas do vírus, inicialmente desenvolvido para identificar a presença das variantes B.1.1.7, P.1 e P.2, vem sendo feito nos últimos meses em todo o país.

Por apresentar uma mutação em uma parte do vírus que é alvo dos exames RT-PCR, o resultado do teste antes podia dar falso negativo quando, por exemplo, a pessoa estava infectada com a variante inglesa. “Buscamos na base de dados da rede [Pardini] cada paciente com resultado positivo para o vírus, mas que teve essa ‘falha’ na região com a mutação, como possíveis portadores dessas variantes, e a partir daí mapeamos a presença dessas formas nos estados brasileiros”, afirma Alessandro Ferreira, vice-presidente do grupo Pardini.

Os dados encontrados pelos pesquisadores foram compartilhados com o Ministério da Ciência e Tecnologia, com as secretarias municipal e estadual de Saúde e com o Ministério da Saúde. “A vigilância genômica é extremamente importante porque novas variantes podem surgir com características que podem alterar tanto a gravidade da Covid quanto a ação das vacinas e de anticorpos neutralizantes. Por ora, temos que seguir monitorando”, diz Ferreira.

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