Mostra de cinema on-line exibe cinco histórias onde a velhice é protagonista

Inspirada em personagens que sentem na própria pele as adversidades do processo de envelhecimento, como a perda de entes queridos, abandono por parte da família e as barreiras enfrentadas no mercado de trabalho, o Itaú Cultural apresenta, a partir desta segunda-feira, a mostra “Poética da Velhice”, com exibição de cinco filmes, entre curtas e longas-metragens, em seu site. As produções são: “A Volta para Casa”, “Acúmulo”, “Submarino”, “Pela Janela” e “Girimunho”, que ficam disponíveis até o dia 17 de agosto no site da instituição.

“As personagens de mais de 60 anos costumam ser secundárias nas narrativas. Escolhemos o tema da velhice como um modo de expandir a pesquisa de curadoria, ampliando nosso repertório de protagonistas, com a ideia de exaltar ícones do nosso cinema, como Léa Garcia e Lima Duarte. A ideia da mostra surgiu de um desejo curatorial de provocar uma reflexão sobre esse lugar social e simbólico. Nesse sentido, situar o envelhecimento sob uma perspectiva poética é reconhecer que o sujeito pode construir novas experimentações na velhice”, disse Letícia Santos, curadora da mostra.

Apontar produções que revelem as questões da velhice de maneira variada e protagonista, considerando que essas pessoas continuam a elaborar a vida e não podem ser vistas apenas como coadjuvantes é o objetivo principal da mostra. “Procuramos em repositórios como o Porta Curtas, ampliamos para os catálogos das produtoras e sites especializados como Mulher no Cinema. ‘Poética da Velhice’ traz filmes brasileiros que retratam as adversidades da maior idade”, pontua Letícia sobre como foi feita a seleção.

Compõem o novo ciclo de cinema apresentado pela instituição três curtas-metragens e dois longas, produzidos na última década, com atores consagrados, entre eles Lima Duarte, Léa Garcia e Maristela Chelala, que protagonizam histórias de abandono, redescobertas, dificuldades financeiras e perdas.

“A Volta para Casa”, dirigido por Diego Freitas, conta com atuação emocionante de Lima Duarte, que interpreta Plínio, um marceneiro aposentado que está na expectativa de receber a visita de sua família para celebrar o domingo de Páscoa, mas ninguém aparece para buscá-lo na casa de repouso onde vive. Ao vê-lo sozinho e cabisbaixo, Anselmo, jardineiro do lugar, se oferece para levá-lo até sua antiga moradia. Durante o trajeto, cresce a cumplicidade entre os dois e Plínio revisita as memórias de sua vida no bairro onde nasceu e cresceu. Ao chegarem, ele tem uma surpresa que colocará em xeque todas as suas lembranças.

Memórias e transformações de vida pontuam narrativas

Já “Em Acúmulo”, dirigido por Gilson Junior, Léa Garcia - atriz indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957, por sua atuação no filme “Orfeu Negro”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960 - se transforma em Lete, uma senhora frágil que passa os dias recolhendo nas ruas tudo o que seu marido carpinteiro poderia consertar. Em Nilópolis, no Rio de Janeiro, ela é vista nos mais variados lugares, carregando pequenos móveis e objetos quebrados em seu carrinho de feira. Quem conhece a sua história, sabe que ela usa as pedras do caminho para edificar uma realidade repleta de sentido, pois somente o acúmulo de objetos é capaz de trazer à tona as lembranças que não quer esquecer.

Na programação tem ainda o longa-metragem “Pela Janela”, rodado pela diretora Caroline Leone, que tem no elenco a atriz Magali Biff e o ator Cacá Amaral, para contar a história de Rosália, uma operária de 65 anos que dedicou a vida ao trabalho em um fábrica de reatores da periferia de São Paulo. Ao ser demitida, ela fica deprimida e é consolada pelo irmão José, que resolve levá-la em uma viagem de carro até Buenos Aires. No país vizinho, Rosália vê pela primeira vez um mundo desconhecido e distante de sua vida cotidiana, começando então uma jornada que sutilmente transformará uma parte essencial dela mesma.

PROGRAMAÇÃO

- Curtas-metragens

“A Volta para Casa” (2019), de Diego Freitas. Duração: 16 minutos. Classificação indicativa: Livre.

“Submarino” (2015), de Rafael Aidar. Duração: 20 minutos. Classificação indicativa: 10 anos.

“Acúmulo” (2018), de Gilson Júnior. Duração: 15 minutos. Classificação indicativa: Livre

- Longas-metragens

“Pela Janela” (2017), de Caroline Leone. Duração: 84 minutos. Classificação indicativa: 10 anos.

“Girimunho” (2011), de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina. Duração: 90 minutos. Classificação Indicativa: 10 anos.